A ESTRATÉGIA NACIONAL E A ENERGIA
Darc Costa
A história do mundo industrial é uma história recente. É a
história da apropriação da natureza através de uma forma nova de
mediação. A partir do século XVIII, a apropriação da natureza deixouse
de fazer exclusivamente pela interação física do corpo humano ou
do corpo das bestas com a natureza. A apropriação da natureza
deixou de ser fruto exclusivo de trabalho humano ou animal. O
homem havia descoberto que tinha capacidade de dar a natureza uma
representação numérica razoavelmente satisfatória e ao fazê-lo poderia
vir a utilizar-se desta nova capacidade para também se apropriar da
natureza. O homem podia fazer ciência e com a ciência era capaz de
criar tecnologia.
Instituto InovaRio
segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
Burle Max
Burle Marx, o Poeta dos Jardins
Centenário de Nascimento do arquiteto e paisagista
Arbustos,
trepadeira, gramíneas, pinheiros, coníferas, cactus, flores rasteiras e todas
as maravilhas da flora brasileira faziam parte do mundo em que Roberto
Burle Marx transitava.
Vi
isso bem de perto, em 1988, quando - trabalhando para o Departamento Cultural
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - participei da produção do
evento comemorativo dos seus 80 anos e recebimento do título de Doutor Honoris
Causa daquela universidade. Burle Marx morava num sítio em Guaratiba, na
baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro.
Multimídia, foi artista plástico, desenhista, pintor, tapeceiro, escultor, cantor e criador de jóias. Lidava com todas essas sensibilidades com a mesma delicadeza e competência, mas ganhou renome internacional como arquiteto-paisagista. Tarsilla do Amaral, depois de uma visita ao sítio, comprado no início dos anos 40, ao ver as estufas repletas de “plantas esquisitas”, batizou Burle Marx de "o poeta dos jardins".
Morou a maior parte da vida no Rio, onde estão seus principais trabalhos, mas os cerca de dois mil jardins projetados podem ser vistos em todo o mundo.
Não
poderíamos deixar de nos juntar às homenagens que estão sendo prestadas pelo
seu centenário de nascimento.
Os jardins da família
Roberto
Burle Marx nasceu em São Paulo em 4 de agosto de 1908, quarto dos seis
filhos da conceituada pianista e cantora Cecília Burle -
pernambucana de origem francesa e do alemão Wilhelm Marx (nascido em
Stuttgart e criado em Trier, cidade natal
de Karl Marx, seu primo em 2º grau).
Dona
Cecília tinha grande amor pelas plantas e Roberto preparava canteiros e
acompanhava a germinação das sementes cultivadas no jardim e na horta da
família, tendo como mestra – e, ao mesmo tempo ajudante - a
babá Ana Piascek.
O pai Wilhelm era comerciante e proprietário de um cortume em São Paulo mas, cultivava outra espécie de jardim : era amante da música erudita e da literatura européia. Roberto aprendeu alemão e era fluente no idioma.
O pai Wilhelm era comerciante e proprietário de um cortume em São Paulo mas, cultivava outra espécie de jardim : era amante da música erudita e da literatura européia. Roberto aprendeu alemão e era fluente no idioma.
Em
1913, os negócios do cortume começaram a ir mal e a família se transferiu para
o Rio de Janeiro. Aqui, a nova empresa de exportação e importação de
couros teve bons resultados. A família mudou-se para um casarão na praia
do Leme (zona sul do Rio). Ali, Burle Marx, aos 7 anos, formou sua coleção
de mudas, a sua própria coleção de plantas e iniciou o cultivo suas mudas.
Influência alemã
Entre
1928/29, a família esteve na Alemanha, em busca de tratamento para
uma doença grave nos olhos de Roberto, que teve contato com as vanguardas
artísticas, visitou exposições de Picasso, Matisse, Klee e Van Gogh e
conheceu o Jardim Botânico de Dahlem, em cuja estufa era
mantida vegetação brasileira.
Ele declarou em entrevista:”eu tinha estado na Alemanha em 1928-1929, um ano e meio. Não sabia ainda se ia me dedicar à música ou às artes plásticas. Meu pai levou toda a família à Europa para nos dar um "banhos de cultura". Alugamos uma casa em Berlim e de lá, às vezes, viajávamos para outras partes da Europa. Berlim, naquela época, tinha uma vida cultural fantástica. Freqüentemente, havia três ou quatro grandes eventos musicais por semana. E, às vezes, íamos ver a mesma performance, no dia seguinte. A nossa vida girava em torno do teatro, dos concertos, da ópera Wagner, Richard Strauss... conhecíamos bem todo o panorama musical”.
Ele declarou em entrevista:”eu tinha estado na Alemanha em 1928-1929, um ano e meio. Não sabia ainda se ia me dedicar à música ou às artes plásticas. Meu pai levou toda a família à Europa para nos dar um "banhos de cultura". Alugamos uma casa em Berlim e de lá, às vezes, viajávamos para outras partes da Europa. Berlim, naquela época, tinha uma vida cultural fantástica. Freqüentemente, havia três ou quatro grandes eventos musicais por semana. E, às vezes, íamos ver a mesma performance, no dia seguinte. A nossa vida girava em torno do teatro, dos concertos, da ópera Wagner, Richard Strauss... conhecíamos bem todo o panorama musical”.
Renovador da paisagem
Decidiu
estudar pintura no atelier Degner Klemn. Retornando ao Rio de Janeiro
torna-se aluno do pintor Candido Portinari e do escritor Mário de Andrade.
Vizinho da Rua Araújo Gindim e amigo do bairro do Leme, Lucio Costa deu força para que Roberto Burle Marx ingressasse na atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ali, RBM conviveu com o próprio Lúcio, com Oscar Niemeyer, Milton Roberto, Lota de Macedo Soares, Affonso Reidy, Jorge Moreira, Ernesto Vasconcellos, Roberta Leite e outros tantos artistas seguidores da corrente francesa liderada por Le Corbusier.
Vizinho da Rua Araújo Gindim e amigo do bairro do Leme, Lucio Costa deu força para que Roberto Burle Marx ingressasse na atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ali, RBM conviveu com o próprio Lúcio, com Oscar Niemeyer, Milton Roberto, Lota de Macedo Soares, Affonso Reidy, Jorge Moreira, Ernesto Vasconcellos, Roberta Leite e outros tantos artistas seguidores da corrente francesa liderada por Le Corbusier.
Nos
anos 30, dirigiu o Departamento de Parques e Jardins de Recife,
onde fez uso da vegetação nativa e começou a ganhar prestígio. Os jardins
no Brasil seguiam o modelo europeu, com camélias, magnólias e
azaléias.
A
sociedade conservadora da época ficou chocada com os jardins tropicais de
Burle Marx, mas a renovação era uma tendência sem volta. Adepto da
Bauhaus, seguiu o estilo humanista
e agregador, interagindo com todas as artes.
A
moderna arquitetura brasileira passou a usar aço, vidro e concreto, que
pediam renovação na paisagem. Burle Marx projetou o terraço/jardim
do Edifício Gustavo Capanema, onde funcionava o então
Ministério da Educação e da Saúde, na Esplanada do Castelo, centro do Rio.
Marco
dos novos tempos, o jardim contém “espaços contemplativos e de estar”, com
formas sinuosas repletas de vegetação carioca. Arte abstrata, construtivismo e
concretismo sempre estiveram presentes nas plantas baixas de seus projetos,como
o da praia de Copacabana.
Roberto
Burle Marx doou o sítio de Guaratiba, com 365.000 m2 e as mais de
3.500 espécies de plantas, muitas em vias de extinção, um espetacular
acervo de obras de arte e uma biblioteca com mais de 2.500 livros ao Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN (na ocasião
Fundação Nacional Pró Memória) 9 anos antes de falecer no Rio, em 4 de junho de
1994. O local se transformou em ponto de visitação turística para brasileiros
de passagem no Rio e estudiosos de todas as partes do mundo.
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